A capital acreana amanheceu de luto neste sábado (27) com a notícia do falecimento de Francisco Monteiro de Carvalho, mais conhecido como Monteirinho. O popular músico, figura icônica da cultura do Acre, morreu na noite da última sexta-feira, dia 26, aos 76 anos, vítima de uma pneumonia.
Sua morte representa uma perda imensurável para a música e a identidade cultural acreana, silenciando para sempre uma das vozes mais autênticas e relevantes do estado.
A Trajetória do Seringal para os Palcos
Nascido em 22 de julho de 1949, no Seringal Cachoeira, interior do Acre, Monteirinho carregava em sua arte a essência da vida na Amazônia. Criado por pais seringueiros, ele absorveu a cultura e as narrativas do local desde cedo, embalado pelas serenatas noturnas e pelas animadas celebrações na casa de seu tio Doca. Foi neste berço cultural que sua veia musical floresceu.
A obra musical de Monteirinho, que teve origem nos seringais de Xapuri, alcançou uma notável diversidade de espaços ao longo de sua carreira. Seus ritmos ressoaram desde os palcos e festas juninas tradicionais até os movimentos populares de base na capital, demonstrando sua conexão profunda com o povo.
Legado Musical: Um Mosaico de Ritmos
O artista forjou uma sonoridade singular, tecendo uma rica tapeçaria de ritmos que transitava com maestria pelo forró, música brega, marcha, bossa nova e inúmeras outras influências.
Com ícones como Dominguinhos, Sivuca, o Trio Nordestino e Elba Ramalho entre suas principais referências, Monteirinho construiu um patrimônio autoral robusto. Suas canções iam além do entretenimento, capturando a essência da vida amazônica ao abordar temas como a fauna e flora regionais, os rios majestosos, os afetos e, de forma contundente, as questões sociais e as lutas de seu povo.
O legado de Monteirinho permanece vivo na memória e na história cultural do Acre, assegurando que, embora o artista tenha se despedido, sua música e sua paixão pela Amazônia ecoarão por gerações.

