Publicado em 20/12/2025
Do UOL, em São Paulo
Assessores dos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) movimentaram quase R$ 30 milhões entre maio de 2018 e dezembro de 2024, de acordo com informações obtidas pela PF (Polícia Federal).
O que aconteceu
Assessor especial de Sóstenes movimentou cerca de R$ 11 milhões. A investigação aponta que as transações de Adailton Oliveira Santos se concentraram entre 2023 e 2024, num volume “incompatível com a capacidade econômica declarada do titular”.
Parente de Adailton movimentou outros R$ 4 milhões. O valor circulou por meio de saques e depósitos feitos por Florenice de Souza Santana.
Cerca de R$ 6 milhões passaram por contas pertencentes a assessor de Jordy. Itamar de Souza Santana é apontado como possível operador “em movimentações suspeitas”.
Outra investigada movimentou cerca de R$ 7 milhões. No caso de Andrea de Figueiredo Desiderati, os recursos estavam identificados como “oriundos da Câmara dos Deputados”.
Suspeita da PF é de que locadora de automóveis servia como empresa de fachada de deputados. A hipótese é de que eles usassem a cota parlamentar para alugar veículos em firmas que pertenciam a eles mesmos, o que é proibido pela Câmara.
Dados constam em petição do Supremo Tribunal Federal que embasou operação de ontem. Na ação, a Polícia Federal realizou buscas em endereços ligados aos deputados por suspeitas de desvio de dinheiro oriundo de cotas parlamentares. Cerca de R$ 430 mil em espécie foram apreendidos em apartamento de Sóstenes.
Parlamentares se defendem
Jordy afirmou ser vítima de “perseguição implacável” em vídeo divulgado nas redes sociais. O deputado diz que as buscas e apreensões da PF foram “covardes”, instrumentalizadas pela “ditadura do Judiciário”.
Em nota, Jordy disse que “não cabe ao parlamentar fiscalizar a frota ou a estrutura interna da empresa contratada”. Segundo ele, cabe aos políticos “contratar o serviço mais eficiente e pelo menor custo”.
Sóstenes informou que Adailton é seu motorista. O líder do PL disse que o servidor comissionado tem uma distribuidora de bebidas e, por este motivo, tem uma soma milionária de movimentação financeira.
Deputado tentou limitar a operação a um único caso. Ele afirmou que seu motorista aluga o carro usado pelo parlamentar. A PF suspeita de uso de locadora para lavar dinheiro desviado da verba de gabinete.
Mas o lider do PL se omitiu sobre pontos da investigação. O deputado não explicou movimentações milionárias de quatro pessoas citadas por Flávio Dino, ministro do STF, na decisão que autorizou a operação e determinou quebra sigilo bancário dos deputados entre 2018 e 2024.
Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. Os alvos dos investigadores foram endereços em Brasília e no Rio de Janeiro. Os gabinetes de Sóstenes e Jordy não entraram na operação.

