|Imagem| Reprodução
A fronteira entre Brasil e Bolívia “ferveu” nesta semana após uma onda de denúncias de estudantes da Universidade Amazônica de Pando (UAP). O motivo é uma escalada considerada “abusiva” nos preços de documentos acadêmicos, com aumentos que, em alguns casos, chegam a 200% e revelam uma disparidade gritante entre as tarifas cobradas de alunos bolivianos e, principalmente, estrangeiros, com foco nos brasileiros.
Segundo os universitários, valores que antes variavam entre 50 e 100 bolivianos (Bs) agora ultrapassam 500, 600 e chegam a até 2.875 bolivianos, especialmente para os alunos de outros países. Em uma diferença que está sendo classificada como escandalosa, um estudante brasileiro pode pagar até dez vezes mais que um aluno local por alguns documentos essenciais.

A Exploração Institucionalizada
A denúncia ganhou força porque, de acordo com os acadêmicos, os reajustes foram implementados de forma abrupta, sem aviso prévio, consulta à comunidade ou qualquer justificativa oficial da universidade. Essa atitude já vem sendo chamada por estudantes como uma prática de “exploração institucionalizada”.
A tabela de cobranças apresentada pelos estudantes mostra a discrepância:
| Documento | Valor para Bolivianos | Valor para Estrangeiros (Brasileiros) |
| Historial Acadêmico | 60 Bs | 450 Bs |
| Plano de Estudos | 60 Bs | 450 Bs |
| Certificado de Calificaciones | 70 Bs | 500 Bs |
| Solvência Acadêmica | 80 Bs | 600 Bs |
| Solvência Econômica | 60 Bs | 500 Bs |
| Habilitação ao Internado Rotatório | 50 Bs | 300 Bs |
“Discriminação Econômica” Preocupa Brasileiros
O clima de indignação ultrapassou os muros da UAP e se concentra na comunidade brasileira. Estudantes brasileiros afirmam estar se sentindo diretamente alvo de discriminação econômica, uma vez que os documentos exigidos para formaturas, internatos e estágios ficam praticamente proibitivos, dada a conversão cambial.
Nas redes sociais, o sentimento é de medo e frustração. Muitos relatam que o sonho da graduação pode ser interrompido simplesmente porque não terão condições de arcar com as novas taxas.
“É um absurdo. Eles sabem que precisamos desses papéis para avançar na carreira e estão usando isso para nos extorquir. Sentimos que somos a única fonte de receita para cobrir os rombos da universidade,” desabafou um estudante brasileiro nas redes.
Bloqueio da Ponte Internacional é Discutido
A revolta migrou da internet para a organização de grupos de universitários. Acadêmicos brasileiros que residem em Brasiléia e Epitaciolândia já articulam uma possível pressão maior caso a universidade não recue nos valores.
Entre as medidas discutidas, está um ato que pode gerar repercussão internacional: o bloqueio da Ponte Internacional, principal ligação entre o Acre (Brasil) e Cobija (Bolívia). O protesto, se concretizado, impediria temporariamente o fluxo de bolivianos para o Brasil e de brasileiros para a Bolívia, afetando comércio, trabalho e o deslocamento de milhares de moradores da fronteira.
Exigências e o Silêncio da UAP
A comunidade acadêmica cobra três medidas urgentes e não negociáveis da instituição:
-
Revisão imediata dos novos valores.
-
Critérios transparentes para as cobranças.
-
Equiparação das tarifas entre bolivianos e estrangeiros.
Até o momento, a Universidade Amazônica de Pando (UAP) não se manifestou, não respondeu aos estudantes, tampouco retornou às tentativas de contato da equipe do ac24horas. A comunidade estudantil aguarda um posicionamento antes de escalar a mobilização para um protesto na ponte.

