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quarta-feira, 26 de novembro de 2025
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James Watson, que ajudou a decifrar estrutura do DNA, morre aos 97 anos

Foto: Wikimedia Commons

Por Salvador Nogueira | Folhapress | BN

O biólogo James Dewey Watson morreu nesta quinta-feira (6), aos 97 anos, em Long Island, nos Estados Unidos, de acordo com o jornal The New York Times. O cientista será lembrado não só por suas descobertas extraordinárias no campo da ciência mas também pela capacidade incomum de gerar controvérsias.

Nascido em Chicago em 6 de abril de 1928, seu maior legado de pesquisa foi a decifração da estrutura da molécula de DNA, feita no ano de 1953 em parceria com Francis Crick na Universidade de Cambridge (Reino Unido).

A partir da constatação de que o material genético estava inscrito numa molécula cuja forma lembra a de uma escada torcida, com bases nitrogenadas pareadas dando forma aos degraus, Watson e Crick abriram as portas para a identificação exata de como os caracteres hereditários são transmitidos de uma geração a outra.

A dupla, em conjunto com Maurice Wilkins, do King’s College de Londres, recebeu por isso o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina, em 1962. Mas, mais importante que o reconhecimento, o avanço permitiu o surgimento do que viria a ser chamado mais tarde de “dogma central da biologia molecular”. Em essência, ele se resume ao fato de que genes codificam proteínas, e as proteínas explicam o metabolismo.

Essa estruturação conceitual desembocou na ciência genômica, que visa à decifração de todo o conteúdo do DNA de diversas espécies na esperança de ali encontrar conhecimentos que deem novas informações sobre como a vida se desenvolve e sobre como tratar e curar doenças hoje invencíveis.

Watson também esteve no centro desse furacão. A partir de 1988, trabalhando para os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), nos EUA, ele liderou o surgimento do Projeto Genoma Humano —um consórcio internacional destinado a identificar as mais de 3 bilhões de “letras químicas” contidas no DNA do ser humano.

Uma vez estabelecida a empreitada, ele permaneceu como seu líder nos NIH até 1992, quando conflitos com a nova diretora dos institutos, Bernardine Healy, o forçaram a deixar o cargo. Francis Collins assumiu a função e levou o projeto à conclusão, em 2003.

JIM HONESTO

Essa foi apenas uma das controvérsias que Watson cultivou em sua carreira, normalmente nascidas de sua quase temerária capacidade de falar o que pensa (traço de personalidade que o levou a ser apelidado de “Honest Jim”).

Na ocasião em questão, ele se opôs fortemente ao movimento liderado por Healy para o patenteamento de sequências genéticas, argumentando que ninguém deveria tentar se apropriar da natureza e criar barreiras à pesquisa.

Contudo, nem sempre sua franqueza se mostrou tão admirável, e em 2007 chegou a um ponto que levou à sua aposentadoria compulsória. Em entrevista ao jornal britânico The Times, Watson declarou: “Estou pessimista sobre as perspectivas para a África porque todas as nossas políticas sociais são baseadas no fato de que sua inteligência é igual à nossa, embora todos os testes dizem que na verdade não é”.

A sugestão de que talvez houvesse diferenças de inteligência entre populações de diferentes etnias causou tamanho rebuliço que o Laboratório de Cold Spring Harbor, onde Watson trabalhou em diversas funções por quatro décadas, forçou seu afastamento.

Ainda assim, o reconhecimento ao trabalho que ele conduziu lá em quase 40 anos é notório. Bruce Stillman, presidente do laboratório, disse: “Jim Watson criou um ambiente de pesquisa que não tem paralelos no mundo da ciência”.

Estabelecido em Cold Spring Harbor, Long Island (estado de Nova York), Watson casou-se com Elizabeth Lewis em 1968 e teve dois filhos, Rufus Robert e Duncan James. Rufus sofre de esquizofrenia, o que muitas vezes fez Watson declarar publicamente seu apoio a pesquisas que buscam melhorar o tratamento de pessoas com doenças mentais e decifrar mecanismos genéticos que possam originá-las.

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