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quarta-feira, 26 de novembro de 2025
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Moradores levam mais de 70 corpos à praça São Lucas, no Rio, no dia seguinte a operação que deixou 64 mortos

Por Cristina Camargo e Bruna Fantti | Folha de São Paulo

Ao menos 70 corpos são levados para praça da Penha, no Rio

  • Advogada afirma que viu marcas de tiros na nuca e facadas nas costas após operação policial

  • Moradores cercam os mortos e tentam identificar familiares, em cenas de choro e desespero

São Paulo e Rio de Janeiro

Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, levaram na madrugada desta quarta-feira (29) ao menos 70 corpos para a praça São Lucas, na comunidade.

Eles foram localizados na mata entre os complexos do Alemão e da Penha, onde foi realizada a operação mais letal da história do estado, nesta terça (28).

Ao menos 64 corpos foram retirados da mata até as 10h. O presidente da associação de moradores local, Eriberto Leão, disse que durante a madrugada levou outros 6 corpos em uma kombi até o Hospital Getúlio Vargas.

Segundo os números oficiais, a ação deixou ao menos 64 pessoas mortas e 81 foram presas. Entre os mortos há quatro policiais.

Corpos enfileirados em praça na Penha, zona norte do Rio – Eduardo Anizelli/Folhapress

A advogada Flávia Fróes, que acompanha a retirada dos corpos, afirma que alguns deles têm marcas de tiros na nuca, facadas nas costas e ferimentos nas pernas.

Defensores de direitos humanos pediram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos a presença de interventores e peritos internacionais no Rio. A advogada chama a ação policial de “o maior massacre da história do Rio de Janeiro”.

Os corpos são retirados da caçamba de um carro com a ajuda de moradores de rua. Crianças estão presentes e, uma delas, um menino de cerca de 9 anos, ajudou na remoção do carro.

Um dos corpos estava sem cabeça, que foi trazida dentro de uma sacola. Aos familiares, um dos homens que ajudava na remoção gritou “é um de cabelo vermelho”. As mãos do cadáver estavam fechadas, segurando grama.

Enfileirados, os corpos estão cercados de moradores, que tentam identificar familiares e amigos. Uma senhora gritava: “polícia assassina, cadê meu filho?”

A mãe de um dos mortos, um jovem de 20 anos, diz que encontrou filho com o pulso amarrado, na mata: “Dava tempo de socorrer”, afirmou.

Ao lado dos corpos, mulheres choraram e se abraçaram após reconhecer alguns dos mortos, na manhã desta quarta. “Meu filho”, disse uma delas, em prantos.

Rodeados de fotógrafos e cinegrafistas, todos os corpos foram descobertos por volta das 7h. Segundo o ativista Raull Santiago, a exposição foi um pedido dos familiares, para mostrar o estado em que as pessoas foram encontradas.

“Uma cena que entra para a história de terror do Brasil”, disse. De acordo com ele, os corpos encontrados na mata durante a madrugada não estão na contagem oficial de 64 mortos. O governo estadual ainda não se pronunciou sobre esse novo fato.

OPERAÇÃO

A operação tinha como objetivo prender membros do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, e somava até essa terça (28) 64 mortes, sendo quatro policiais.

A ação e a resposta do Comando Vermelho —que usou armamento pesado e ordenou o fechamento de vias— deixou diversas regiões da segunda maior cidade do país com um cenário de guerra, com caos nas ruas, tiroteios e veículos queimados .

Suspeitos de integrarem o Comando Vermelho chegaram a usar drones para lançar bombas contra as equipes policiais e a população da Penha, para atrasar o avanço das forças de segurança durante a manhã desta terça.

A megaoperação policial tinha como objetivo cumprir 69 mandados de prisão de membros do Comando Vermelho em 180 endereços. O governo estadual disse que 81 pessoas foram presas na ação, mas não divulgou quantos mandados foram cumpridos. Além disso, os agentes apreenderam mais de 100 fuzis que eram usados pela facção.

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