A Justiça italiana decidiu manter a deputada federal Carla Zambelli, licenciada pelo PL‑SP, sob custódia até que seja concluída a análise sobre seu pedido de extradição. A audiência aconteceu em um tribunal de apelação em Roma na quarta-feira, dia 27 de agosto de 2025
Zambelli foi detida em Roma no dia 29 de julho, após permanecer foragida por cerca de dois meses da Justiça brasileira. Ela estava sendo procurada por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A condenação foi unânime pela Primeira Turma do Supremo em 14 de maio, a qual a sentenciou a dez anos de prisão pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Walter Delgatti, hacker envolvido nas invasões, foi condenado a oito anos. A pena inclui ainda a perda do mandato e o pagamento de R$ 2 milhões em indenização.
O processo de extradição foi formalmente solicitado pelo governo brasileiro ao governo italiano. O pedido foi enviado pelo Itamaraty por meio do Ministério da Justiça em 11 de junho, acompanhado da condenação e das garantias legais oferecidas pelo Brasil, como a preservação dos direitos da ré e a ausência de agravos políticos ou tortura.
A legislação italiana prevê que mesmo cidadãos daquele país podem ser extraditados, ainda que em circunstâncias excepcionais. Zambelli possui dupla cidadania, o que pode complicar a situação, mas não impede automaticamente a extradição.
Ela está detida no presídio feminino Germana Stefanini, parte do complexo penitenciário de Rebibbia, nos arredores de Roma. A prisão tem capacidade para 272 detentas, mas abriga 369, e conta com menos agentes do que o ideal — 181 no lugar de 214 — segundo dados de junho e julho de 2025.
A audiência de custódia durou cerca de três horas, conduzida por um juiz que não tem ligação direta com o processo principal. A defesa planeja recorrer e pode solicitar que Zambelli cumpra prisão domiciliar durante o trâmite ou que aguarde a decisão em liberdade.
Pelo rito italiano, o pedido segue para avaliação na Corte de Apelação e depois na Corte de Cassação. Após essas decisões, cabe ao ministro da Justiça a decisão política final, o que pode levar entre um ano e meio e dois anos para ser concluído.
O Tribunal de Apelação de Roma marcou nova audiência para ouvir Carla Zambelli na quarta-feira, dia 13 de agosto de 2025. Na chegada a essa audiência, a deputada apresentou mal-estar, e sua defesa alegou motivos de saúde para requerer que ela aguarde o desfecho em liberdade.
Enquanto isso, a Câmara dos Deputados ainda não formalizou a perda do mandato. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve deliberar sobre o caso neste segundo semestre. Além disso, corre um procedimento de cassação, e a defesa alega que ela foi vítima de perseguição política.

