Publicado em 11/08/2025
Um levantamento divulgado pela Folha de S. Paulo mostra que o Acre ocupa posição de destaque em um dado preocupante: três municípios do estado figuram entre os dez com as maiores taxas de gravidez na adolescência no país. A pesquisa foi realizada com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Ministério da Saúde e do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas.
Entre as cidades acreanas, Tarauacá apresenta o quadro mais crítico, ficando em 2º lugar no ranking nacional, com taxa de 12,5 gestações para cada mil meninas de 10 a 14 anos. O município é superado apenas por Pacaraima, em Roraima, que registra 15,6. Brasileia ocupa a 7ª colocação, com índice de 10,2, e Sena Madureira aparece na 9ª posição, com 9,4.
O estudo revela que oito das dez cidades com maior incidência de gravidez precoce estão na Região Norte. Além do Acre e de Roraima, o Amazonas contabiliza três municípios no ranking e o Amapá, um.
Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc/Datasus) indicam que, no Brasil, 44 adolescentes se tornam mães a cada hora, sendo que cinco delas têm menos de 15 anos. Em muitos casos, essas gestações decorrem de violência sexual, já que qualquer relação com menores de 14 anos é considerada estupro de vulnerável. Apesar disso, somente 4% dessas meninas conseguem acesso ao aborto legal.
As consequências vão além da maternidade precoce. O IBGE aponta que a gravidez é a principal causa de evasão escolar feminina na América Latina. No país, 60% das mães adolescentes não estudam nem trabalham, o que aumenta a vulnerabilidade social e reduz as oportunidades de futuro.