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quarta-feira, 26 de novembro de 2025
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Política

Michelle Bolsonaro vê malabarismo da Justiça e cita rapidez incomum: ‘Querem nos destruir a qualquer custo’

Mais de uma semana após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) impor medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu por tentativa de golpe de Estado, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro quebrou o silêncio, fez críticas ao Judiciário brasileiro e à esquerda, bem como citou ‘uma perseguição institucional e midiática’ contra sua família e aliados.

“Malabarismos jurídicos que parecem querer encobrir uma suposta quebra do devido processo legal acontecem o tempo todo”, disse a presidente do PL Mulher em entrevista exclusiva ao Terra ao se referir às restrições impostas ao marido, que prevê o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar noturno e integral nos fins de semana e o veto ao uso de redes sociais. O descumprimento pode levar à prisão preventiva ou agravamento das sanções.

Michelle aponta, sem apresentar provas, que a atuação do STF no julgamento de Bolsonaro está marcada por critérios divergentes aplicados a políticos conservadores. “Atos que precisam ser públicos estão cercados de sigilo e de proibições. Jornalistas e advogados estão sendo proibidos de usar celular nas audiências do tribunal.”

A ex-primeira-dama também aponta o que considera uma “rapidez incomum” na tramitação dos processos. “Procedimentos estão sendo acelerados em um ritmo nunca visto na história do País. Quem dera a Justiça fosse rápida assim para todos os cidadãos brasileiros vulneráveis que esperam décadas por julgamentos intermináveis.”

Bolsonaro tornou-se réu no Supremo em março de 2025, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Em 14 de julho, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF a condenação do ex-presidente pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Caso seja condenado, as penas podem chegar a 43 anos de reclusão, segundo a legislação.

Para Michelle, as “jurisprudências adotadas estão sendo modificadas de uma hora pra outra e, coincidentemente, acabam ajustadas milimetricamente para facilitar o avanço daquilo que antes seria considerado uma ilegalidade ou uma vedação”.

“Querem nos destruir a qualquer custo”, acrescentou ela. “Fica fácil entender isso: os bandidos odeiam a polícia porque ela é uma barreira contra os crimes que eles querem cometer. As pessoas que criam e espalham essas narrativas nos odeiam porque nós somos uma barreira para os planos maldosos e roubalheiras que eles querem praticar.”

De tornozeleira eletrônica, Bolsonaro participa de motociata com apoiadores em Brasília:
Joias sauditas e polêmica no PL
Michelle também subiu o tom contra a esquerda e usou ironia ao se referir ao Partido dos Trabalhadores (PT). “A máxima da estratégia esquerdista, em especial dos “jênios, com j” do PT, é sempre dividir para conquistar'”, disse a ex-primeira-dama, que falou ainda sobre o caso das joias sauditas, bem como a suposta interferência de seu irmão, Eduardo Torres, na estrutura do Partido Liberal (PL).

Confira, abaixo, a íntegra da entrevista realizada por e-mail:

Terra: Qual é a avaliação da senhora sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no STF e a condução que a Corte tem dado ao caso?

Não vou me pronunciar sobre o julgamento, mas gostaria de pontuar um pouco sobre os vários comentários que ouvimos todos os dias de brasileiros de bem que buscam a verdade e estão vendo – e achando estranho – o que está acontecendo. Eles estão assustados porque atos que precisam ser públicos estão cercados de sigilo e de proibições.

Jornalistas e advogados estão sendo proibidos de usar celular nas audiências do tribunal. Malabarismos jurídicos que parecem querer encobrir uma suposta quebra do devido processo legal acontecem o tempo todo. Jurisprudências adotadas há pouco tempo estão sendo modificadas de uma hora pra outra e que, coincidentemente, acabam ajustadas milimetricamente para facilitar o avanço daquilo que antes seria considerado uma ilegalidade ou uma vedação.

Processos e procedimentos estão sendo acelerados em um ritmo nunca visto na história do país (quem dera a justiça fosse rápida assim para todos os cidadãos brasileiros vulneráveis que esperam décadas por julgamentos intermináveis). Juízes que falam fora dos autos, apresentam posicionamentos políticos — inclusive no exterior, deixam escapar antecipações de sentenças como se isso fosse normal em um verdadeiro Estado Democrático de Direito.

Enfim, eu ouço tudo isso e recorro àquele que é o refúgio seguro e único justo juiz pedindo para que venha a verdadeira justiça e para que cada um receba a sua paga segundo as próprias obras.

[terra.com]

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