Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) o aumento de 50% nas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre diversos produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump em julho, acende um alerta em setores estratégicos da economia nacional. No entanto, no caso do Acre, os efeitos diretos devem ser limitados, segundo análise da Otimiza Consultoria divulgada no Boletim de Conjuntura Econômica deste mês.
Em 2024, apenas 5,17% das exportações acreanas foram direcionadas ao mercado norte-americano, o que corresponde a cerca de 4,5 milhões de dólares de um total de 87,2 milhões em vendas internacionais do estado. Entre os produtos mais exportados estão a soja, a castanha-do-pará e madeiras tropicais como o mogno e a madeira compensada. Apesar de os Estados Unidos concentrarem 89,4% das exportações de mogno e 93% da madeira compensada, os valores financeiros são baixos, o que reduz a exposição a grandes perdas.
A castanha-do-pará, cuja exportação aos EUA representou 56,8% do total, também pode sentir algum efeito, embora dentro de uma margem considerada segura. A atual estrutura de exportações do Acre mostra uma diversificação que protege o estado de oscilações provocadas por mercados isolados.
Outros países vêm se destacando nas relações comerciais do Acre. O Peru, por exemplo, comprou aproximadamente 15,8 milhões de dólares em carnes suínas e 5,5 milhões em castanhas com casca no último ano. Os Emirados Árabes Unidos importaram quase 12 milhões em carne bovina congelada, enquanto a Turquia adquiriu 7,8 milhões em carnes bovinas refrigeradas e congeladas.
Esse cenário coloca o estado em uma posição mais segura frente às novas tarifas norte-americanas. Ao contrário de estados como Ceará, Espírito Santo e São Paulo — que concentram entre 19% e 45% de suas exportações nos EUA — o Acre mantém uma pauta de exportação mais pulverizada, voltada principalmente à América do Sul e ao Oriente Médio.
Ainda assim, o sinal de alerta está aceso em nível nacional. As tarifas podem comprometer a competitividade de produtos brasileiros importantes, como café, aço e carnes, tornando-os mais caros para os consumidores dos Estados Unidos e favorecendo concorrentes de outros países.

