A oferta do curso superior de Tecnologia em Agroecologia pelo Instituto Federal do Acre (Ifac) em Santa Rosa do Purus representa um marco para o município, localizado na região do Purus. Com 40 vagas, sendo 25% destinadas a indígenas, que compõem cerca de 70% da população local, das etnias Madjá, Jaminawá e Kaxinawá, o curso promove inclusão e qualificação em uma área estratégica para a economia regional.
Isolado geograficamente, o município só é acessível por barco ou avião de pequeno porte, com altos custos de transporte e logística. A chegada do Ifac amplia o acesso ao ensino superior e fortalece a permanência dos jovens na cidade. A iniciativa é fruto de parceria entre o Ifac e a prefeitura local, com recursos de R$ 1 milhão provenientes de emenda parlamentar do senador Sérgio Petecão.
A aula inaugural foi realizada em 17 de agosto de 2023, com as presenças da então reitora da instituição, Rosana Cavalcante dos Santos, do autor da emenda, da vereadora Meire de Lima de Araújo, autora da indicação para a realização do curso no município. O evento contou com a participação dos 40 alunos, dos quais 12 indígenas residentes no município.
Importância do curso na formação – Próximo de completar dois anos do curso, os alunos destacam o impacto do curso em suas vidas e na comunidade. Teófilo Lopes do Nascimento Kaxinawá, da etnia Kaxinawá, conta que precisou da ajuda do irmão para se inscrever no processo seletivo, já que não tinha acesso à internet. “Fiz a prova e alcancei a nota necessária. Esse curso é muito importante para nós, indígenas, porque une o conhecimento tradicional aos ensinamentos dos professores, ajudando nossas comunidades a melhorar a forma de viver e trabalhar com a terra”.
Thayná de Oliveira Nóbrega reforça a relevância da formação local. “Pude ingressar no ensino superior logo após concluir o ensino médio, sem precisar sair da cidade. O curso atende à demanda por conhecimento técnico na agropecuária, setor em que muitos atuam sem qualificação adequada. Quero concluir a graduação e contribuir com a área”.
Antônio Marcos Santos da Silva, comerciante e aluno do curso, ressalta que a agroecologia valoriza práticas sustentáveis já adotadas na comunidade. “Sempre trabalhamos de forma sustentável, mesmo sem saber que era agroecologia. Agora, com formação técnica, podemos melhorar nossa produção e gerar mais empregos”.
Ele defende a valorização da mão de obra frente ao uso intensivo de máquinas e agrotóxicos. “Produzir respeitando a natureza, com práticas que gerem trabalho e renda, é a verdadeira essência da agroecologia”.
[Assessoria]

