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sábado, 3 de maio de 2025
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Escândalo do INSS, com risco de CPI, desafia a leve recuperação de Lula nas pesquisas

Atualizada em 03/05/2025 08:58

O presidente do PDT, Carlos Lupi, entre os petistas Lula e Gleisi, durante a campanha de 2022 (Ricardo Stuckert/Divulgação)

*Com Informação da VEJA

Derretimento da imagem do presidente parecia estancar, segundo dois levantamentos, ambos realizados antes da descoberta do roubo a aposentados e pensionistas

Depois de ver sua imagem derreter na virada do ano, o presidente Lula apostou numa
série de medidas pare reverter a situação, de mudanças em sua equipe de ministros,
como a realizada no comando da comunicação do governo, a anúncios para aliviar o
bolso da população, como a ampliação do programa de distribuição gratuita de
remédios e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5
000 reais.

Essas iniciativas não resultaram na redenção da popularidade do petista, que continua
em baixa, mas permitiram que ele ganhasse um pouco de fôlego. Pesquisa divulgada
pelo Datafolha no início de abril, por exemplo, mostrou que a aprovação ao governo
passou de 24% para 29% em dois meses, enquanto a reprovação caiu de 41% para 38%.

Já um levantamento da AtlasIntel em parceria com a Bloomberg revelou que a aprovação
ao presidente subiu de 44,9% para 46,1%, enquanto a rejeição diminuiu de 53,6% para
50,1%, entre abril e março. Nos dois casos, o saldo continua negativo para Lula, mas ele
pelo menos conseguiu interromper a trajetória de perda de apoio.

Fantasma da corrupção

Esse esforço de reconstrução de imagem, que já era penoso, está ameaçado pelo velho
fantasma da corrupção, que voltou à agenda nacional com o escândalo dos descontos
ilegais de benefícios pagos a aposentados e pensionistas pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS). O caso envolve roubo a pessoas consideradas vulneráveis,
revela omissão e incompetência do governo e tem forte apelo popular. Uma combinação
explosiva.

Ciente da gravidade do quadro, Lula usou seu pronunciamento em rede nacional de rádio
e televisão, a pretexto de comemorar o Dia do Trabalhador, para tentar esfriar a crise,
alegando que foi a sua gestão, por meio da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da
União, que agiu para interromper a roubalheira, que teria sido iniciada em governos
anteriores.

“Na última semana, o nosso governo desmontou um esquema criminoso de cobrança
indevida contra aposentados e pensionistas que vinha operando desde 2019. Determinei
à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam
processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, declarou o
presidente.

Crise contratada

A fala de Lula não deve ser suficiente para conter o dano. Primeiro, porque são
inúmeros os indícios de que o Ministério da Previdência, comandado por Carlos Lupi
(PDT), demitido na sexta-feira 2, nada fez para acabar com o esquema, apesar de ter
sido alertado sobre a existência dele desde 2023. Segundo, porque a oposição, ciente do
apelo popular do caso, vai explorá-lo politicamente.

Na quarta-feira, 30, foi protocolado um pedido de abertura da CPI do INSS, cuja
instalação depende do aval do presidente da Câmara, Hugo Motta, que até aqui tem
ajudado Lula. Deputados de partidos que controlam ministérios apoiaram o pedido de
criação da comissão, em mais um sinal de fragilidade da base governista na Casa.

Numa tentativa de bloquear a apuração legislativa, aliados de Lula alegam que o
esquema dos descontos ilegais já é apurado pela PF e pela CGU, que têm mais
instrumentos e expertise para investigar. Tecnicamente, pode até ser verdade, mas
politicamente não cola. O mesmo argumento foi esgrimido pelos bolsonaristas quando os
petistas, então na oposição, lideraram os esforços pela instalação da CPI da Pandemia,
que fez o governo de Jair Bolsonaro sangrar durante meses sob as lentes da televisão.

Nas últimas décadas, boa parte das CPIs acabou desmoralizada pelos próprios
parlamentares, devido a muito estardalhaço e pouco resultado. Mas houve também
aquelas que abalaram os alicerces da República, como a CPI dos Correios, ou
desgastaram os mandatários de turno, como ocorreu com Bolsonaro. Lula conhece bem o
risco e sabe que, depois de iniciada a apuração no Legislativo, é difícil controlá-la. O
petista já deu inclusive um tiro no pé.

Apesar de a CPI ser um instrumento essencialmente da oposição, Lula apoiou em 2012 a
instalação, no governo da aliada Dilma Rousseff, de uma comissão para apurar negócios
e relações políticas do contraventor Carlinhos Cachoeira. O objetivo do petista era
desgastar adversários políticos que maninham laços com o contraventor, pressionar o
então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a aliviar para os mensaleiros
denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda promover vinganças contra
setores da imprensa. Deu tudo errado.

Reportagens de VEJA realizadas na época jogaram luz sobre um operador que repassava
propina de empreiteiras a políticos. Ou seja: jogaram luz num esquema que dois anos
mais tarde seria desbaratado pela Operação Lava-Jato. Diante da situação, restou a
Lula, aos petistas e aos oposicionistas da época encerrarem o trabalho da comissão,
numa ação pluripartidária de autopreservação. É aquela história: “CPI a gente sabe
como começa, mas não como termina”.

 

 

 

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