Atualizada em 21/04/2025 22:27
A Terra Indígena Puyanawa, em Mâncio Lima, recebeu visitantes para comemorar o Dia dos Povos Indígenas. Os estudantes das escolas estaduais Maria Firmino Chaves, Gloria Soriano, IIxūbãy Rabuī Puyanawa e Ãdebayki também participaram das festividades.
Foram apresentadas músicas e danças tradicionais com a participação de indígenas e não-indígenas num clima de alegria e integração.

A caiçuma, uma bebida Indígena à base de mandioca, era servida para todos e muitas barracas foram montadas ao redor do Centro Cultural Puyanawa para a venda de comidas típicas. Também não faltou o artesanato Puyanawa para os visitantes.
Durante a celebração o Cacique Joel Puyanawa anunciou uma parceria com o governo do Estado de R$ 300 mil para a reforma do Centro Cultural. Isso permitirá que o espaço esteja em melhores condições para receber os turistas durante o Festival Atsá que acontecerá em julho de 2025.

Para Joel Puyanawa é importante receber visitantes para o fortalecimento da cultura do seu povo e para a distribuição de renda entre os moradores da Aldeia.
“A beleza da nossa cultura têm resplandecido aqui em Mâncio Lima, no nosso estado, no Brasil e em outros países. As pessoas chegam para interagirem com a nossa cultura, fazendo com que os preconceitos se dissolvam. Essa é ainda uma maneira de divulgar a nossa retomada cultural e gerar renda com o artesanato e a nossa culinária tradicional”, justificou Joel.
Em relação à importância de comemorar o Dia dos Povos Indígenas, Joel Puyanawa explica:
“Esse é um dia em que a gente reafirma a nossa resistência. Estamos preservando o meio-ambiente do nosso território e mostrando a nossa cultura ancestral para quem nos visita. Passamos um período em que quase perdemos a referência das nossas origens. Mas estamos aqui com a nossa juventude manifestando a herança Puyanawa”, afirmou o Cacique.

O chefe do gabinete da vice-governadora Mailza Assis, Henrique Afonso Lima, participou das festividades Puyanawa e ficou entusiasmado com o que viu. Ele analisou a importância desse Dia dos Povos indígenas para o Acre e o Brasil.
“Antes de Pedro Álvares Cabral chegar no Brasil os indígenas já estavam aqui construindo a sua história. É admirável ver a luta desses povos pela liberdade e à resistência das suas culturas. Cada um de nós brasileiros é um pouco do indígena, do negro e do branco. Essa miscigenação dá ao nosso país uma riqueza cultural inestimável,” argumentou Henrique Afonso.
Desde os tempos em que foi deputado federal e vice-prefeito de Cruzeiro do Sul, Henrique Afonso sempre foi um entusiasta do etnoturismo.
“O mundo inteiro tem demonstrado interesse pelo etnoturismo e o ecoturismo. E a Amazônia é uma região privilegiada nesse sentido. Conhecer os povos originários, as suas culturas e a biodiversidade que eles preservam é uma oportunidade preciosa para qualquer turista,” destacou o ex-deputado.
A força feminina Indígena
Valéria Xinã Puyanawa que é educadora do povo Puyanawa e acadêmica do curso superior de licenciatura Indígena avaliou a importância da presença de estudantes das escolas estaduais durante as festividades do Dia dos Povos Indígenas.
“Acho importante para as novas gerações do nosso povo, assim como para os não-indígenas virem para uma aldeia ver como se comemora de maneira tradicional uma data importante como o 19 de abril. Isso vai fazer com que esses estudantes pensem de uma maneira diferente em relação aos povos da floresta. Só dá valor a uma cultura quem a conhece”, ponderou ela.

E continuou:
“Estamos todos num mundo só e quando mostramos a nossa cultura, quem sabe, possamos sonhar com um futuro diferente do passado com mais respeito entre todos e menos preconceitos. Por isso, estamos fortalecendo a nossa cultura cada dia mais porque um povo sem tradição fica sem alma. Cada pessoa que está aqui pode confirmar que estamos numa luta de alegria para vivenciarmos esse novo momento da nossa história,” disse Xinã.
Vari Puyanawa, uma das lideranças femininas da Aldeia avaliou a importância das mulheres na resistência cultural do seu povo.

“Nós mulheres estamos contribuindo nos aspectos culturais, espirituais e sociais para o nosso povo. A força feminina hoje está tendo a oportunidade de liberdade, de empoderamento, de resistência de quem está lutando para contribuir com a nossa Aldeia, o nosso município, o nosso estado, o nosso país e também com o mundo. Estamos mostrando que a sabedoria das mulheres pode trazer contribuições essenciais para o nosso planeta”, acrescenta Vari.
[Agência de Notícias do Acre]